terça-feira, 31 de maio de 2011

Viva os nervosos!

Le temps retrouvé
"Tudo o que conhecemos de grande nos vem dos nervosos. Foram eles e não outros (...) e compuseram obras-primas. Jamais o mundo saberá tudo quanto lhes deve e principalmente quanto lhes deve e principalmente o quanto eles sofreram para lhes dar o que deram. Apreciamos as finas músicas, os belos quadros, mil delicadezas, mas não sabemos o que isso custou, aos que os inventaram, em insônia, em lágrimas, em risos espasmódicos, em urticárias, em asmas, em epilepsias, e numa angústia de morrer que é pior que tudo isso..."

(Marcel Proust in: Em busca do tempo perdido vol. 3 - O caminho de guermantes.Tradução de Mario Quintana. Ed. Globo, p. 237)

você não sabe o que é isso, você nunca soube?

Sid and Nancy
"O choro a acorda. Ela te olha. Olha o quarto. E de novo ela te olha. Acaricia a tua mão. Ela pergunta: Você chora por quê? Você diz que cabe a ela dizer por que você chora, que ela é que deveria saber.
Ela responde baixinho, com doçura: Porque você não ama. Você responde que é isso.
Ela pede a você que lhe diga claramente. Você lhe diz: Eu não amo.
Ela diz: Nunca?
Você diz: Nunca.
Ela diz: O desejo de estar prestes a matar um amante, de guardá-lo para si, só para si, de arrebatá-lo, de roubá-lo a contrapelo de todas as leis, de todos os impérios da moral, você não sabe o que é isso, você nunca soube?
Você diz: Nunca.
Ela te olha, ela repete: É curioso um morto".

(Marguerite Duras in: A doença da morte)

recordadores profissionais

"A maioria das pessoas seleciona as recordações para usar como bóias: aqui eu fui feliz, é aqui que vou ficar, parado no meio do imenso e ignoto mar. Ou então: aqui fui infeliz, e daqui não quero passar. Distingue-se assim, para uso quotidiano, optimistas e pessimistas - recordadores profissionais."

(Inês Pedrosa in: Fazes-me falta. Ed. Planeta, p. 142)

segunda-feira, 30 de maio de 2011

I Congresso Latino-americano de Psicanálise na Universidade

De 29 a 31 de agosto a UERJ vai promover o I Congresso Latino-americano de Psicanálise na Universidade - A clínica do mal estar.

A organização é de Marco Antonio Coutinho Jorge e Rita Maria Manso de Barros - do Programa de Pós-graduação em Psicanálise do Instituto de Psicologia da Uerj. 

O congresso terá como Presidente de Honra a Diana Rabinovich, da Universidad de Buenos Aires.

Inscrições de trabalhos e mais informações aqui: http://www.conlapsa.com.br/  - ressaltando que vale muito a pena participar. Sou leitora do Marco Antonio e acabei de assistir uma conferência incrível dele, lá no Ceará. "Psis" do meu Brasil, participem!

Desenhá-la, capturá-la, retê-la

"Quando tinha vinte anos (antes de tudo), Tomás ficou obcecado em desenhá-la a vizinha que gostava de ensaiar passos de balé diante do espelho da penteadeira, secundada pelos cabelos escuros e grossos, compridos, que eram como um espírito. Desenhá-la, capturá-la, retê-la. Amá-la. Mobilizou os melhores papéis, os melhores lápis e tocos de carvão e giz pastel e começo a se aventurar naquela empresa: conhecer Maria Inês. Que estava fadada a nunca chegar ao fim."

(Adriana Lisboa in: Sinfonia em branco. Ed. Rocco, p. 101)

sábado, 28 de maio de 2011

uma outra pessoa íntima e estranha, feita de pedaços de você e de pedaços de mim.

Charles West Cope

“Jamais pedi um beijo. Em menina eu os dava, simplesmente. Agora tenho remorsos desse beijo que pedi em vez de dar, e você me negou. Medo de ter perdido o ímpeto confiante de beijar. Me sinto, como escreveu Clarice Lispector, sozinha na noite de outra pessoa – uma outra pessoa íntima e estranha, feita de pedaços de você e de pedaços de mim.”

(Inês Pedrosa in: Os íntimos. Ed. Alfaguara, p.94)

sexta-feira, 27 de maio de 2011

“A morte não é difícil! Difícil é a vida e o seu ofício”, escreveu Maiakóvsky


"E qual seria a função do escritor?
Ser testemunha deste mundo. Testemunha e participante. “A morte não é difícil! Difícil é a vida e o seu ofício”, escreveu Maiakóvsky. O duro ofício de escrever – ponte que se estende tentando alcançar o próximo. Isso requer amor – o amor é a piedade que o escritor deve ter no coração.”

(Edla van Steen in: Viver & Escrever vol. 3. Depoimento de Lygia Fagundes Telles. Ed. L&M Pocket, p.160)

quarta-feira, 25 de maio de 2011

A obsessão tem vida própria

Lolita
"O tempo é que Humbert procura abolir. O tempo é o inimigo de todos os amantes. Nabokov captou a essência da obsessão tanto quanto Thomas Mann em Morte em Veneza. A obsessão tem vida própria; o objeto da obsessão, não importa o quanto insubstituível e particular possa parecer, pode mudar, embora esteja na natureza da obsessão não reconhecer isso."

(Erica Jong in: O que as mulheres querem? Ed. Record, p. 109)

terça-feira, 24 de maio de 2011

Mas a verdadeira beleza é tão peculiar, tão nova que não a reconhecemos como beleza

"Disseram-me mais tarde, quando contei que a tinha visto: "Deve ter notado que ela estava encantadora." Mas a verdadeira beleza é tão peculiar, tão nova que não a reconhecemos como beleza. Pensei comigo simplesmente que naquele dia tinha ela um nariz muito pequeno, olhos muito azuis, o pescoço longo e o ar triste."

(Marcel Proust in: Em busca do tempo perdido vol. 3 - O caminho de guermantes.Tradução de Mario Quintana. Ed. Globo, p. 177)

A melhor Alexandria foi a que construímos para nós

"SÉRGIO – Vamos fugir para Alexandria?
LUÍSA – Eu estive em Alexandria. Foi uma decepção... não tem nada a ver com aquela Alexandria do Quarteto...
SÉRGIO – A melhor Alexandria foi a que construímos para nós
LUÍSA – Alguém disse essa frase no último volume...
SÉRGIO – Eu te amo...
LUÍSA –Por que é que você demorou tantos anos para me dizer isso?
SÉRGIO – Eu disse, você não escutou...
LUÍSA –Você era sempre tão ambíguo, tão sarcástico, tão agressivo...
SÉRGIO – Eram formas canhestras de ternura, e você não percebeu...
LUÍSA –Você tem ideia do quanto me magoou?
SÉRGIO – Eu queria terminar com você como no filme do Carlitos... ele de mãos dadas com Paulette Godard, caminhando por uma estrada...
LUÍSA – A gente não é tão inocente, nem tão desarmada para terminar de um modo tão perfeito...
SÉRGIO – Ao menos você me amou?
LUÍSA – Como nunca amei ninguém...
SÉRGIO – Me perdoa...
LUÍSA – O melhor, o mais surpreendente, o mais bonito, meu amigo, é a gente estar aqui e conseguir, depois de tudo, se olhar com tanta ternura..."

(Teatro Completo - Maria Adelaide Amaral, peça: De braços abertos, p. 244, Ed. Global)

sim, sempre o amor

O sétimo selo
"Se alguma coisa é imperfeita neste mundo imperfeito, o amor é a coisa mais perfeita na sua perfeita imperfeição."

(Do filme: O sétimo selo)

segunda-feira, 23 de maio de 2011

É isto? Só isto? É exatamente isto. Não há verdadeiramente coisa alguma que venha estancar esta falta

La pianiste
"A estrutura do desejo humano se caracteriza pela falta do objeto do desejo. Isto significa que não há nenhum objeto que possa satisfazer, completamente, um desejo. O que não implica que um desejo se realize. Se realiza sim, mas nunca por inteiro. Há sempre um resto que permanece insatisfeito. Além do que, como um falante poderia desejar sem criar uma certa expectativa sobre isto que deseja? Entre o esboçar de um desejo e a sua realização, há sempre uma certa decepção: É isto? Só isto? É exatamente isto. Não há verdadeiramente coisa alguma que venha estancar esta falta que dá origem a um sujeito."

(Nadiá Paulo Ferreira in: Ainda o amor. Eduerj, p. 38)

de dentro para fora

"É como dentro da gente: a gente acorda-se de dentro para fora."

(Clarice Lispector in: O relatório da coisa {conto})

prazer da vida que se esgota numa só página

500 days of Summer
"Além de que herdei de ti um puro prazer da vida que se esgota numa só página. Prefiro esquecer, esquecer-te até se preciso for, para viver como tu vivias, apreciando cada momento - sobretudo os dolorosos, pela lucidez que trazem como bónus - desta tão precária maravilha a que chamamos existência."


(Inês Pedrosa in: Fazes-me falta. Ed. Planeta, p. 143-144)

domingo, 22 de maio de 2011

Na minha mente adulta, na minha mente de bebê

Julia Feldman
"O bebê Erica jamais perdoou sua mãe por este abandono. (...) Era um abandono, e abandonos são, por definição, sempre culpa da mãe. Na minha mente adulta, sou forte e bem-sucedida. Na minha mente de bebê sou uma criança abandonada."

(Erica Jong in: O que as mulheres querem? Ed. Record, p. 23)

Às vezes acho que amar é ver


“Olho para você. Você me pergunta o que há, sempre um pouco vigilante, quando olho para você. Digo que não há nada, que olhava para você por prazer:
- Não sei se o amor é um sentimento. Às vezes acho que amar é ver. Ver você.”

(Marguerite Duras in: Emily L. Ed. Nova Fronteira, p. 96)

sábado, 21 de maio de 2011

a parte mais preciosa dele mesmo, permaneceria tão desesperançosamente sozinho como sempre fora

"Sem querer, Sebastian se deu conta com, talvez, uma espécie de desamparada surpresa (porque ele esperava mais da Inglaterra do que ela podia lhe dar) que por mais sábia e docemente que seu novo ambiente realizasse seus velhos sonhos, ele próprio, ou, melhor, a parte mais preciosa dele mesmo, permaneceria tão desesperançosamente sozinho como sempre fora. A tônica da vida de Sebastian era a solidão e o destino mais gentil o fazia sentir-se em casa simulando admiravelmente bem as coisas que pensava que queria, quanto mais consciente ficava a sua inabilidade de se encaixar no quadro geral - em qualquer quadro geral."

(Vladimir Nabokov in: A verdadeira vida de Sebastian Knight. Ed. Alfaguara, p.43-44)

hoje, poesia, sonho, tristeza, minutos espessos que se arrastam no vazio

"Desde o momento em que a criatura amada desaparece, o difícil é penetrar na ausência que se forma, essa ausência que se faz, às vezes na própria presença da pessoa amada e que envolve tudo na atmosfera nublada de melancolia e sofrimento. Atmosfera nublada que vai aos poucos se apoderando dessas horas que dias antes tinham palpitado de uma vida tão intensa - hoje, poesia, sonho, tristeza, minutos espessos que se arrastam no vazio, sem que possamos jamais encontrar de novo a mesma vitalidade onde descansávamos os nossos lábios doentes de uma sede insaciável... Horas sem luz, onde nossas mãos tateiam na penumbra, no pobre esforço de deter ainda um pouco de calor e da alegria desaparecida - ah! como sabem crescer e se tornar pesados esses momentos, cheios de lembranças desses laços que se atam e se desatam no silêncio, como se confundissem, na memória atribulada, o gosto do passado com a sombra sem perfume do presente..."

(Lúcio Cardoso in: A luz no subsolo. Ed. Brasiliense, p. 62-63)

tem não


"O artista não pode ter como meta específica ser compreendido."

(Andrei Tarkovski)

sexta-feira, 20 de maio de 2011

dados esquecidos a uma pasta antiga.

"Talvez trouxesses ainda o cheiro de algum dos teus amantes - eras uma verdadeira Torre do Tombo passional, e estavas sempre disposta a ir repescar uns dados esquecidos a uma pasta antiga."


(Inês Pedrosa in: Fazes-me falta. Ed. Planeta, p. 117)

como se, avançando, eu fosse lentamente deslocando felicidade


Asas do desejo
“Aqueles poucos passos do patamar à escada de Albertine, aqueles poucos passos que ninguém mais podia deter, eu os dei com delícia, com prudência, como que mergulhado num elemento novo, como se, avançando, eu fosse lentamente deslocando felicidade, e ao mesmo tempo com um sentimento desconhecido de onipotência e de que entrava enfim na posse de uma herança que sempre me pertencera.”

(Marcel Proust in: Em busca do tempo perdido vol. 2 - À sombra das raparigas em flor.Tradução de Mario Quintana. Ed. Globo, p. 594-595)

quinta-feira, 19 de maio de 2011

tão suave

"O momento certo ia chegando em meio ao escuro pálido, e era tão suave. Suave, como acordar no meio da noite abraçado ao corpo de uma amante e não lembrar em que momento surgiu o abraço."

(Adriana Lisboa in: Um beijo de colombina. Ed. Rocco, p. 131)

É o desconhecido que trazemos conosco: escrever



“Chorar, é preciso que isto também aconteça.

Se chorar é inútil, mesmo assim creio que é preciso chorar. Pois o desespero é tangível. Perdura. A lembrança do desespero, isto perdura. Às vezes mata.

Escrever.

Não posso.

Ninguém pode.

É preciso dizer: não se pode.

E se escreve.

É o desconhecido que trazemos conosco: escrever, é isto o que se alcança. Isto ou nada.

Pode-se falar de uma doença da escrita.”

(Marguerite Duras in: Escrever. Ed. Rocco, p. 47)

quarta-feira, 18 de maio de 2011

meio boba, meio pensativa


“Ainda estou sem pé aqui, meio boba, meio pensativa. Mas se eu mesma não me sacudir, ninguém me sacudirá.”

(Teresa Montero (org.) in: Minhas queridas – Clarice Lispector. Carta para as irmãs Tania e Elisa, Berna, 15-04-1946. Ed. Rocco, p. 105)
"Como rasurar a paisagem

a fotografia
é um tempo morto
fictício retorno à simetria

secreto desejo do poema
censura impossível
do poeta."

(Ana Cristina Cesar in: Inéditos e Dispersos. Ed. Ática, p. 79)

terça-feira, 17 de maio de 2011

Elizabethtown
"Amamos sempre no que temos
O que não temos quando amamos."

(Fernando Pessoa in: Obra poética. Ed. Aguilar, p. 184)
Rino Bucci
"(...) escrever é se vingar da perda."

(Waly Salomão in: Algaravias. Ed. 34, p. 33)

não se adequar


“Criar é não se adequar à vida como ela é.”

(Waly Salomão)

segunda-feira, 16 de maio de 2011

puras palavras de conversação

An education
"Tais as palavras que eu dizia; eram o contrário de meu pensamento; eram puras palavras de conversação, como as dizemos nesses momentos em que, muito agitados para ficar a sós conoscos mesmos, sentimos necessidade, na falta de outro interlocutor, de conversar conosco, sem sinceridade, como um estranho."

(Marcel Proust in: Em busca do tempo perdido vol. 3 - O caminho de guermantes.Tradução de Mario Quintana. Ed. Globo, p. 177)

Só vim te convencer Que eu vim pra não morrer De tanto te esperar

Jane Eyre

Sem Fantasia

Composição: Chico Buarque

Vem, meu menino vadio
Vem, sem mentir pra você
Vem, mas vem sem fantasia
Que da noite pro dia
Você não vai crescer

Vem, por favor não evites
Meu amor, meus convites
Minha dor, meus apelos
Vou te envolver nos cabelos
Vem perde-te em meus braços
Pelo amor de Deus

Vem que eu te quero fraco
Vem que eu te quero tolo
Vem que eu te quero todo meu

Ah, eu quero te dizer
Que o instante de te ver
Custou tanto penar
Não vou me arrepender
Só vim te convencer
Que eu vim pra não morrer

De tanto te esperar
Eu quero te contar
Das chuvas que apanhei
Das noites que varei
No escuro a te buscar

Eu quero te mostrar
As marcas que ganhei
Nas lutas contra o rei
Nas discussões com Deus
E agora que cheguei
Eu quero a recompensa
Eu quero a prenda imensa
Dos carinhos teus

Ah, já chorei toda a escala de lágrimas

"Não choro mais lá e isto é duro. Na verdade, raramente choro agora, por saber que é inútil. Lágrimas são uma liberação e raiva ou de amargura, ou uma expressão de desespero ou de exaustão. (...) Uma vez, chorei para ter o que queria e consegui. Já chorei lágrimas de ciúmes, lágrimas de rejeição. Ah, já chorei toda a escala de lágrimas. E é só agora que me dou conta de como são inadequadas para os grandes momentos da vida."

(Josephine Hart in: Abandono. Ed. Record, p. 50) 

A vida é uma espécie de vitória sobre alguma coisa

Steven Pan
"Já que a vida é tensão, excitação, irritação da matéria. Já que o desejo não encontra satisfação definitiva e não pára de renascer de suas satisfações efêmeras, Thanatos deseja a abolição do desejo; o retorno à matéria inanimada da qual um dia, por um acaso extremo, a vida se gerou da coesão improvável e até misteriosa, entre algumas moléculas. A vida é uma espécie de vitória sobre alguma coisa - sobre a força conservadora do inôrganico. Somos todos sobreviventes de nosssa "vontade" de morrer."

(Kehl, Maria Rita. A psicanálise e o domínio das paixões. In: Cardoso, Sérgio (org.). Os sentidos da paixão. Companhia das Letras. p. 474)

domingo, 15 de maio de 2011

Caio F. - lacaniano, num saber não-sabido

"Além disso, ainda não havia aprendido o grande desencontro das palavras - portanto não poderia comunicar-se de maneira adulta, posto que a maneira-adulta-de-comunicar-se trata-se de um constante dizer o que não se quer, pedir o que se tem e dar o que não se possui."

(Caio Fernando Abreu in: Invenventário do Ir-remediável. Ed. Sulinas, p. 92)

venho por meio desta dizer...

Scoop
"Ouvinte: (...) Quando ele falou de transbordamento estaria mais pra carta de amor.
Paulo Leminski: Mesmo uma carta tem uma forma precisa, "venho por meio desta dizer que meu coração é seu."

(Leminski, Paulo. Poesia: a paixão da linguagem. In: Cardoso, Sérgio (org.). Os sentidos da paixão. Companhia das Letras. p. 298)

uma ilha de perfeição nos oceanos revoltos de nossas vidas

"- Exiges demasiado das pessoas. Queres que os teus amigos sejam perfeitos, e ninguém aguenta essa pressão.
Não, eu não queria que vocês fossem perfeitos. Mas queria que a amizade fosse uma ilha de perfeição nos oceanos revoltos de nossas vidas."

(Inês Pedrosa in: Fazes-me falta. Ed. Planeta, p. 217) 

sábado, 14 de maio de 2011

Então adoro.

Sophie Anderson
"A vida se me é, e eu não entendo o que digo. Então adoro."

(Clarice Lispector)

Gostaria muito de encontrar as palavras que reservei para lhe dizer isso

Un amour de Swann
"Esqueci as palavras para dizer-lhe. Eu as sabia, e as esqueci, e lhe falo no esquecimento dessas palavras. (...) Gostaria muito de encontrar as palavras que reservei para lhe dizer isso. E eis que algumas me voltam. Eu queria lhe dizer o que acho, é que devia se guardar sempre na consciência, pronto, encontro a palavra, um lugar, uma espécie de lugar pessoal,  é isso, para estar só e para amar. Para amar não se sabe o quê, nem quem nem como, nem por quanto tempo. Para amar, eis que de repente todas as palavras me voltam... para guardar em si o lugar de uma espera, nunca se sabe, da espera de um amor, de um amor talvez ainda sem ninguém, mas disto e apenas disto, o amor. Eu queria lhe dizer que você era essa espera. Você e apenas você se tornou a face exterior da minha vida, aquela que nunca vejo, e permanecerá como esse desconhecido de mim em que se tornou..."

(Marguerite Duras in: Emily L. Ed. Nova Fronteira, p. 93-94)

sexta-feira, 13 de maio de 2011

E o que é que eu posso contra o encanto?*

"- Achei que você fosse um cara bobo. Agora é como... Tudo fosse bobo, menos você."

(Do filme: How do you know)

*O título é de uma música do Chico Buarque.

quinta-feira, 12 de maio de 2011

um prelúdio


Les temps retrouvé
“Infelizmente, tendendo o amor à assimilação completa de uma criatura, e como nenhuma é comestível apenas por conversação, Albertine, por mais que se mostrasse gentil comigo durante esse regresso em que a levei para casa, deixou-me feliz, mas ainda mais esfaimado dela do que já na partida e a contar os momentos que havíamos passado juntos apenas como um prelúdio, sem grande importância em si mesmos, dos outros que viriam.”          

(Marcel Proust in: Em busca do tempo perdido vol. 2 - À sombra das raparigas em flor.Tradução de Mario Quintana. Ed. Globo, p. 588)

Acredito na totalidade do que você exprime

" Você não deve acreditar em mim. Pare de escrever.
- Acredito em tudo que você diz, as coisas mais falsas, suas mentiras. Acredito na totalidade do que você exprime, em todas as suas palavras, em suas distrações, em suas imbecialidades. E até em sua sinceridade transcendental em meio a esta confusão eu acredito.
- Pare de escrever.
- Quando escrevo, não amo mais você."

(Marguerite Duras in: Emily L. Ed. Nova Fronteira, p. 19)

quarta-feira, 11 de maio de 2011

...

Ellen Kate
"Tenho uma tênia emocional. Nunca há comida suficiente."

(Anaïs Nin)

Então, vem...


“Vem pra me tirar o escuro e a sensação
de que o inferno é por aqui
Vem pra se arrumar na minha confusão
Vem querendo ser feliz”.

(Música: Feliz. Composição: Dudu Falcão)

mesmo que tenha dito sem pensar, disse para sempre

"- Você inventou para mim. Não tenho nada a ver com a história que você teve comigo.
- Você disse o contrário, uma vez, no início.
- Digo qualquer coisa, e depois esqueço. Você sabe - você sorri -, mas estou sempre perto de você no desespero que lhe causo."

(Marguerite Duras in: Emily L. Ed. Nova Fronteira, p. 18)

terça-feira, 10 de maio de 2011

Porque me sobras tanto, ainda?

Macbeth 
"Lembro-me da tua fúria, anjo ciumento, quando me encontraste conversando placidamente com a rapariga de corpo de manequim, afinal nada tresmalhada.
- Não vês que essa mulher te usou?
Usou-me, sim, Sininho, como eu usei a ela, como nos usamos todos. A vida consiste nisso mesmo: em que nos usemos, da melhor maneira que pudermos. Usei-te eu como devia? Porque me sobras tanto, ainda?"

(Inês Pedrosa in: Fazes-me falta. Ed. Planeta, p. 216)

É como se não fossem deste mundo

Le temps retrouvé

"- Sabe o que eu acho? (...) Acho que as mulheres que não amamos mais e que revemos depois de anos, entre elas e nós há um abismo. É como se não fossem deste mundo, pois nosso amor não existe mais.
- Quer dizer que eu morri?
- Não. Penso apenas em todas as coisas que me torturavam e que hoje não me interessam.
- Por exemplo?
- A noite em que a vi no Champs-Elysées com um jovem. (...) Se soubesse como me senti infeliz! Eu me dizia: "Acabou! Nunca mais eu a verei."
- Acho que me lembro.
- Não tente lembrar-se. Não vale mais a pena. Isso que é terrível. É que a tristeza que pode até matar não deixa nenhum vestígio."

(Do filme: Le temps retrouvé)

será?


"A gente precisa do viver para descansar dos sonhos".
(Mia Couto)

todas as suas possibilidades de ventura

"A necessidade de sonho, o desejo de ser feliz graças àquela com quem se sonhou, fazem com que não seja necessário muito tempo para que a gente confie todas as suas possibilidades de ventura àquela que alguns dias antes não era mais que uma aparição fortuita, desconhecida, indiferente..."

(Marcel Proust in: Em busca do tempo perdido vol. 3 - O caminho de guermantes.Tradução de Mario Quintana. Ed. Globo, p. 134)

segunda-feira, 9 de maio de 2011

então tá, Neruda, a gente tenta...

"Porque aprendi luchando
Que es mi deber terrestre
Propagar la alegria."

(Pablo Neruda in: Odes elementares)

Ouça

Sobre mulheres

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Mais uma besteirinha

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