segunda-feira, 21 de novembro de 2011

Amavas por prazer, que só o prazer entrega a arte-demência que o amor é

"Escrevia-te cartas - as mais sinceras não cheguei a enviar-te, porque não eram tão geniais como eu queria que tu me visses. Às outras, literariamente inatacáveis, não respondeste. O departamento de salvação era comigo; tu não eras tão arrogante. Amavas por prazer, que só o prazer entrega a arte-demência que o amor é. Eu amava-te com narcisismo e vontade de poder. Só davas o que eu te pedia; nunca te ocorria correr de extintor na mão para me salvar de fogos de fogos que eu não tivesse detectado ainda."

(Inês Pedrosa in:Fazes-me falta, p. 170)

3 comentários:

  1. Um excerto espetacular, daqueles que sublinhamos logo ao ler um livro! Bjs

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  2. Coisa linda. Subline. Intensa. Parece que , depois de ler um pedaço desses e cair novamente no mundo, ele está mesmo morrendo . O ser humano troca tudo por umolho. O que ele ver é que será a verdade. Por isso as indústrias gastam mais com embalagens do que com as prórpias comidas que vendem...

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  3. "Eu amava-te com narcisismo e vontade de poder" - Como isso é forte!

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