quinta-feira, 29 de maio de 2014


Grégoire Bouillier in: O convidado especial. Cosac Naify, p. 95.

terça-feira, 27 de maio de 2014

do tempo


Doía-me ter de imaginá-las diferentes, pois o tempo que muda os seres não altera as figuras que deles guardamos. Nada é mais triste do que essa oposição entre a decadência das criaturas e a imarcescibilidade das lembranças do que compreendermos não ser de fato mais a mesma quem com tanto viço surge à memória, não nos ser possível, exteriormente, contemplar a que interiormente tão bela nos parece, e que não obstante almejamos rever.

Proust in: O tempo redescoberto. Tradução de Lúcia Miguel Pereira. Ed. Globo, p. 244-245.

Imagem: Leonard Freed

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quarta-feira, 21 de maio de 2014

das lembranças


"Esgotadas as lembranças, já começou a antecipar diálogos, cheiros e sabores com Clarice".

Raphael Montes II in: Dias perfeitos. Companhia das Letras, p. 24.

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quarta-feira, 14 de maio de 2014

fone/fome


Embora eu não acreditasse nos meus ouvidos, ela me ligava de repente depois de todos aqueles anos em que não deu notícia nenhuma, nem sinal, nada, nunca.

Grégoire Bouillier in: O convidado surpresa. Cosac Naify, p. 6.

quarta-feira, 7 de maio de 2014

sábado, 3 de maio de 2014


(...) como se aquele adeus fosse uma despedida como tantas e dia seguinte tornassem a se ver e no entanto nunca mais a verá, a negra antiga e tenebrosa Milão está prestes a capturá-la e devorá-la, ela sumirá no labirinto, por alguns instantes o seu sorriso travesso ficará espelhado na poeta de vidro, depois na convulsiva multidão que se acotovela no corredor o perfil de sua nuca perder-se-á em meio a um distante som de rock, entre ele e Laide haverá uma distância infinita, planícies, mares e montanhas, além da cortina de silêncio e de escuridão. (...) O jogo acabou, é o acerto de contas. As portas que se fecham, a solidão, o vazio, o deserto, os mudos soluços que ninguém ouvirá. Você chegou ao porto, homem idiota, que pensava ser sabe-se lá o quê.