sexta-feira, 29 de agosto de 2014

da literatura


Pois é hora de pedir à literatura que se erga, que abandone a passividade, e que volte a ocupar o lugar que, de fato, lhe cabe; que renuncie ao divã e venha se sentar, ela sim, na poltrona do analista. Que volte ao barco de Hemingway, aos delírios de Virginia, ao escritório de Kafka, à cozinha de Adélia, ao balcão de Pessoa. Que volte a viver – e a dar as cartas. E que simplesmente esqueça de nós, intérpretes bem treinados, arrogantes com nossos títulos e nossas referências, interrogadores e investigadores profissionais. E que nós tenhamos a coragem de retomar nosso posto, mais humilde e mais perturbador, de leitores; que tenhamos a humildade, e mais que isso, a ousadia, de deitar no divã, deixando que grandes ficções e grandes poemas nos interpretem, e não o contrário. A nós, enquanto sujeitos, e à realidade que habitamos, ao mundo de que fazemos parte, ao real.

José Castello

quinta-feira, 28 de agosto de 2014

mar


Meu coração é um pórtico partido
Dando excessivamente
sobre o mar

Fernando Pessoa

quarta-feira, 20 de agosto de 2014

Do enigma


Dostô in: O idiota. Editora 34, p. 102.

segunda-feira, 18 de agosto de 2014

das comparações

Comparar uma coisa com outra é esquecer essa coisa. Nenhuma coisa lembra outra se repararmos para ela.

(Alberto Caeiro)

Imagem: André Kertész

segunda-feira, 4 de agosto de 2014

o belo


Olha, sabe duma coisa que eu aprendi? O segredo do belo está aqui, ó. [...] Na sua cuca, no seu olho que realmente vê, dentro de você. Se você souber olhar as coisas dum jeito mágico, tudo fica mais bonito.

Caio F.