segunda-feira, 1 de agosto de 2016

e não foi inútil

Sempre me chamava de Pedrito. Jamais me chamou de Pedro Juan. Era doce ouvir sua voz acariciando meu nome. Eu me concentrava tanto quando a olhava que ela devia saber que estava mais apaixonado do que um cão. Que não podia viver sem olhar para ela todo dia. Claro que sabia. E devia rir de mim. (...) Perdi muito tempo nessa paixão inútil e deliciosa. Ou talvez não. E não foi inútil. É uma das lembranças mais bonitas que eu tenho na memória. Foi um amor intenso e profundo. De mão única. Não havia reciprocidade. Depois, com o passar dos anos, aprendi que quase sempre o amor se manifesta assim: numa direção só. É uma corrente que flui num sentido e poucas vezes tem resposta. Felizes aqueles que conseguem usufruir um amor que se manifesta, com a mesma força, nas duas direções.

Pedro Juan Gutierréz in: Fabián e o caos. Ed. Alfaguara, p. 48-49.

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