terça-feira, 21 de fevereiro de 2017

da intensidade

E acontece o mesmo quando estou alegre ou triste. Tenho medo de não aguentar a intensidade de tudo. Minhas lágrimas já devem estar confusas de tanto serem usadas para funções diferentes em situações semelhantes: rua bonita - chorar de alegria ou de tristeza? Filme bonito - alegria ou tristeza? A beleza me confunde. Audrey Hepburn, por exemplo. Toda vez que a vejo, quero ser exatamente como ela, e não sei se sinto alegria porque a vida é tão generosa ou se me entristeço. De que adianta a generosidade da beleza? O que posso fazer com ela?

Noemi Jaffe in: Írisz: As Orquídeas (Cia. das Letras).

segunda-feira, 20 de fevereiro de 2017

das ausências, em ti, em mim

Mas, desde que você foi foi embora e, principalmente, desde que recebi sua carta, não importam mais as ausências que você sente, elas não estão mais comigo. O que conta agora é a ausência inesperada que causa em mim.

Noemi Jaffe in: Írisz: As Orquídeas (Cia. das Letras).

do que não se diz

(...) aprendi a conhecer as pessoas pelo que elas não dizem. Ouço e vejo nos gestos dela o que ela cala e que para mim é algo assim: não sou esse ácido nem essa pedra; minha dureza comunica sinais vagos, em volume muito baixo e, se alguém quiser escutar, terá que apurar os ouvidos, encostar a cabeça no chão, nas paredes, porque eu não vou fazer o menor esforço para gritar ou ser ouvida; mas estou falando, aqui, sob os escombros do silêncio, baixinho, uma palavra; um tipo de ai. Eu ouço esse ai e é nele que reconheço que a separação entre vocês, a insistência obstinada no vazio que ela criou ao redor, escondem um tipo de arrependimento. Como se ela soubesse que você não foi o único culpado e essa fosse a maior dor: saber que ela poderia ter feito algo para você ficar.

Noemi Jaffe in: Írisz: As Orquídeas (Cia. das Letras).

segunda-feira, 13 de fevereiro de 2017

da poesia

Efraim Medina Reyes in: Pistoleiros/Putas e Dementes. Ed. Garamond.

domingo, 12 de fevereiro de 2017

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Efraim Medina Reyes in: Pistoleiros/Putas e Dementes. Ed. Garamond.

da paixão

A paixão nasce de um encontro casual, sempre assimétrico. Um só é aprisionado por um detalhe que vai condensar – durante um tempo – o conjunto das causas do desejo.
O apaixonado, aprisionado pelo movimento de uma mão ou de um olhar, se verá amarrado àquilo que o apaixona, àquela beleza convulsiva, “erótica-velada, explosiva-fixa, mágica-circunstancial”. Que André Breton evoca em L’Amour fou.

HASSOUN, J. A crueldade melancólica. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2002.